Entrevista feita à Psicóloga Liliana Santos (2ªParte)


5. Como é que as fobias se manifestam normalmente?

"A Fobia Especifica faz com que a pessoa que tenha esta perturbação experimente um medo claro e persistente (que muitas vezes é reconhecido como excessivo ou irracional, sobretudo pelos adultos) quando está na presença ou mesmo quando antecipa um encontro com um objecto ou situação específicos (por exemplo, viajar de avião, alturas, animais, levar uma injecção, ver sangue). Quando é exposta ao estímulo fóbico essa pessoa sente, quase invariavelmente, uma resposta ansiosa imediata (cujo nível de intensidade varia em função do grau de proximidade do estimulo fóbico e do grau em que a ‘fuga’ é possível) e, por isso, na maior parte das vezes procura evitá-lo ou enfrenta-o com grande sofrimento, o que acaba muitas vezes por perturbar claramente a pessoa, interferir na sua rotina diária, no seu funcionamento ocupacional ou na vida social (já que muitas vezes a pessoa deixa de fazer certas coisas ou de frequentar certos locais devido à sua Fobia)."

6. É uma doença estável ou, com o decorrer do tempo, pode vir a agravar-se?

"Depende do tipo de Fobia e da idade do seu aparecimento. As fobias que resultam de acontecimentos traumáticos ou Ataques de Pânico inesperados tendem a ter um desenvolvimento particularmente agudo. Muitas das fobias que têm início na infância têm por vezes remissões espontâneas, mas aquelas que começam na adolescência aumentam as probabilidades de persistência da Fobia ou até de desenvolvimento de outras Fobias específicas na idade adulta.
Há alguma evidência de que as Fobias específicas se encontram entre as perturbações que melhor tratamento tem, embora os pacientes que sofrem de fobias específicas sejam daqueles que menos procuram ajuda para o seu problema de ansiedade (o que pode ter a ver com o facto de serem perturbações que regra geral não causam um grau muito intenso de mal-estar e que não interferem muito com a funcionalidade da pessoa)."


7. Quais os métodos de tratamento de Fobias?

"De entre os métodos mais eficazes para o tratamento das Fobias Específicas, encontram-se:
- Familiarização do paciente com a resposta de ansiedade e de medo;
- Exposição Sistemática ao objecto ou situação temida (que pode ser ‘ao vivo’ ou ‘em imaginação’) de forma a reduzir gradualmente a reposta de medo da pessoa;
- Estratégias cognitivas (que consistem em levar o paciente a ‘reestruturar’ o seu pensamento, verificando que muitas vezes a interpretação que faz da situação é errónea ou irrealista e que podem existir formas alternativas, e mais realistas, de ver a mesma situação);
- Técnicas de Relaxamento, para ajudar o paciente a minimizar ou a saber controlar melhor a resposta ansiosa que sente quando antecipa ou se confronta com o objecto ou situação temida;

Apesar do tratamento das fobias se revelar geralmente eficaz e duradouro, como em qualquer perturbação há sempre o risco de poder haver recaídas, pelo que se deve ter sempre o cuidado de marcar sessões de ‘follow-up’ com os pacientes, de forma a garantir a manutenção dos ‘ganhos’ terapêuticos."


8. Tem mais alguma informação adicional que nos possa fornecer para melhor enriquecer o nosso trabalho?

"A informação que vos deixo é que a temática das fobias é bastante abrangente, pelo que procurei dar repostas pouco elaboradas e sucintas às vossas questões, para não correr o risco de me ‘perder’.
Gostaria apenas de acrescentar que a psicologia é uma área muito vasta e, como tal, há diferentes visões e perspectivas acerca das perturbações mentais, consoante a vertente de cada psicoterapeuta. A perspectiva que aqui vos deixo nesta pequena entrevista é aquela que deriva da minha experiência e formação profissional, que se aproxima de um modelo clínico mais ‘cognitivo-comportamental’."

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